segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Diário de Tremembé 14 de otubro de 2011 - NO PUJA...

ProteçãoEntregaConfiançaHarmoniaPerfeiçãoVirtuosidadeAlegriaPazDevoçãoReligaçãoEquilibrioGraçaDivinoShivaKrsnaBrhamaVisnuLaskshmiPatanjaliGaneshaDeusesPalavrassânscritas...

Palavras sânscritas relaxando os ouvidos,
fechando os olhos,
calando a língua.
Círculos infinitos de prana
passando pelas narinas.
O fogo purificando, queimando:
a vaidade, a rigídez, a opaca dureza.
O sofrimento queimando no fogo dos cinco deuses que regem o universo, 
das quatro direções, 
dos três gunas.

Fumaça de cânfora evaporando o que não compreendo, me cobrindo não sei de quê, e que pelas mãos, vem me vestindo da cabeça aos pés.
Transpondo os poros...
Coração espiritual, por detrás do esterno,  interno.

Ilumina, num rápido lampejo, a mente.
É um rápido lampejo mas a mente, ilumina!

Mente que não mente, neste instante.
É só verdade aquilo que vem,
daquilo que vem.
Não sei bem  como é, mas deve ser  verdade
porque faz bem.
De um jeito simples que só a verdade tem.

(Um jeito que achei de brincar de encontrar a verdade é que, quando é verdade a gente sabe que não cabe nas palavras e que ninguém precisa entender.)

O Todo em mim. De mim o Todo. Um Todo só!

Mão esquerda no cotovelo direito e a mão direita à oferecer.
Mãos unidas no peito, no centro.
No centro da testa.
Voz que soa em todo som
AUM.
Dhoti branco, blusa branca, tilak vermelho.
Linha vertical abrindo a fronte.
De frente.
Pra gente.
Parece que abre a fronte de toda gente que vê aquela fronte, de frente.

AUM shanti, shanti, shantih.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Diário de Tremembé - 13 outubro de 2011

Eu, Sushiila e Fernandinha na estrada ouvindo Marisa Monte, Nina Simone, Miles Davis, Marcelinho da Lua, Roberta Sá... papo leve, risadas, paradinha obrigatória, estrada tranquila, chuva rala, destino certo sem errar de caminho: Tremembé – Hotel Fazenda Maristela.
Elas trouxeram guloseimas saudáveis: crispinhos de alguma coisa com melado de cana, biscoitinhos sem glúten, bananada sem açucar e eu, que não trouxe nada do gênero, só comi rsrs.
Na chegada, a gente mais um monte de gente. Abraços, beijos, sorrisos. Gente que a gente revê. Gente boa pra abraçar sem precisar falar nada. Acho que essa é uma das melhores partes: quando as palavras são desnecessárias. O sorriso e o abraço é a melhor linguagem.
Visitei o quarto da Sushiila e da Fernandinha na casa principal. Fui até o meu. Que coincidência!(?), é o mesmo do ano passado. Três camas arrumadas significa que terei 2 companheiras. Fui conhecer o quarto do Nando também. Deu vontade de ficar no quarto com ele mas já tinha alguém para se hospedar lá. Ah! Tudo bem. Tudo está bem.
Falação de bobagem com o Nando no pátio. Rir é terapeutico e libera tensão. Com o Nando do lado então... a gente vai fácil. Delícia ficar com as mandíbulas cansadas de tanto rir. Garganta livre!
No jantar comidas de tantas cores, texturas, sabores e cheiros diferentes...  e aquele monte de gente, colorindo seus pratos conforme sua fome ou gula. Mais re-encontros, conversas amenas.  Um zum-zum-zum e eu na sopa, no quente, no doce... depois uma vontade de cobrir me da noite.
Conversa de ex-pressão com o Rafa. Cada um revelando seus processos catárticos . Muito interessante essa verdade que não é única nem de ninguém mas genuína em cada um.
Antes de me retirar do salão, após os costumeiros avisos que permeiam os protocolos do curso...  um namaskar e um abraço apertado do Faeq. Palavras de tranquilidade trazendo encorajamento. Devo confessar que admiro sua sensibilidade e psicologia. Mente clara e focada.

Não sei o que é mas parece mágica, que vem dos olhos e do sorriso largo a certeza de estar no lugar certo, na hora certa, fazendo a coisa certa com as pessoas certas.

Aí vem aquela vontade da solitude.
De caminhar devagar e perceber o brilho da lua nas pedrinhas chutadas pela ponta do meu tênis.
Passos leves, gestos suaves...  a noite entrando pelos pulmões e me esvaziando de mim mesma...
Uma câmera lenta filmava o trajeto até chegar no quarto, esvaziar a mala, organizar os livros... BKS Iyengar ao lado de Manoel de Barros. Perfeito! Dois sagitarianos de noventa e tal de anos me ensinando  o caminho pra dentro. Cada com sua poesia.
Um pássaro da noite fazendo serenata na janela do meu quarto. Não posso vê-lo mas posso senti-lo no canto, na boca.
Descobri que estou sozinha no quarto. Solitude.
E eu vou. Vou indo, apenas indo... assim é bom.
Está tudo bem.