terça-feira, 13 de setembro de 2011

Quadro ideal (?)

Gosto de imaginar a vida como uma foto, um quadro.
Metade colorida,metade preto e branco.
Vou colorindo, em cores vibrantes,  os lugares, as coisas, as pessoas que, de alguma forma, me preenchem.
Pinto em preto e branco, lugares, coisas e pessoas que não me preenchem tanto assim.
Depois de um tempo, vou pintando preto e branco o que era colorido e vou colorindo o que era preto e branco.
Acho interessante a mudança das cores.
Elas correspondem às  mudanças dos valores e sentimentos.
Fico olhando pra esse quadro chamado “minha vida” e vendo quantas vezes suavizei ou intensifiquei as cores.
Não tenho a menor idéia de como ele vai terminar mas, de certo,  vou aprendendo a não colorir e nem descolorir demais.
De certo, não chegarei ao ton ideal.
O ton ideal não existe mas me move em sua busca.
Agora, estou de frente para esse quadro escolhendo novas cores.
E assim... talvez... quem sabe...  esse quadro fique bonito.
Sei lá.
Acho que o processo é mais interessante que o resultado.

                                              Números e constelações em amor com uma mulher (Joan Miró)

sábado, 3 de setembro de 2011

O Cérebro e a Prática do Yoga


Fui atraída pela capa da edição de setembro de revista Superinteressante: Como tomar decisões, ensine seu cérebro a escolher melhor. A experiência(sistema de recompensa) me fez comprar a revista.
 
Fiz um resumo da matéria e intui (o pressentimento trabalhando) que agregar à ela, algum texto interessante de yoga  iria “clarear” (através da razão) minhas escolhas.

Então achei um texto, de um dos livros de Iyengar Yoga que decoram minha estante, alimentam meus estudos e trazem sentido à minha prática.

Concluindo, posso resumir minha pesquisa com a capa da matéria e a última frase do texto do livro:
Como tomar decisões, ensine seu cérebro a escolher melhor:  praticando yoga pois, sua prática  leva uma mente desconexa e dispersa a um estado de conexão e reflexão.

Boa prática!

Seguem abaixo os textos para que possam conferir:

CÉREBRO
A RAZÃO - Cortex pré-frontal


Área do cérebro que fica logo atrás da testa e raciocina em cima dos nossos problemas.
É responsável  pelas tomadas de decisões importantes em nossas vidas. Isso acontece através de um  sistema  simples: comparar tudo.

Essa “frieza” é parte do papel que a razão tem nas nossas escolhas. É o contra ponto aos sentimentos irracionais, como emoções e instintos, que se preocupam com o resultado imediato das nossas escolhas.

As primeiras decisõe racionais do homem aconteceram entre 200 a 100 mil anos atrás por causa da evolução social. Nessa época,  o homem passou a fazer escolhas para preservar o clima de cooperação no bando.
Em 1848, um caso ajudou a ciência a entender como a razão opera.  Um acidente com um operário, na construção de uma estrada de ferro nos EUA,  em que uma barra de ferro atravessou seu  crânio. Ele sobreviveu, mas teve uma sequela esquisita: ficou excessivamente racional. Não demonstrava emoções e não tomava decisões que fugissem à simples lógica de uma matemática.

Porém, só na década de 80 foi descoberto que o problema desse operário era o mesmo de pacientes que haviam passado por cirurgia para a retirada de tumores no cérebro. Essas pessoas haviam perdido uma área do córtex pré-frontal que interpreta emoções primitivas, fundamental para que o cérebro faça uma conferência entre nosso lado racional e nosso lado irracional. E que, sem sentimentos, escolhas banais ou complexas podem se tornar impossíveis.

O INSTINTO - Amídala e Ínsula


O instinto funciona como uma espécie de vigilante dentro do corpo. Atento à preservação do corpo, ele dispara impulsos que nos fazem proteger a vida, buscar alimentos, procurar parceiros, competir.
Esse trabalho é responsabilidade de um sistema, que depende de duas áreas importantes do cérebro: amídal e ínsula. Junto com o resto do sistema, elas carregam impulsos como herança do homem por milhares de anos atrás, que competia por tudo na natureza.

Esse estado de alerta, até hoje, tem voz nas nossas decisões, mesmo quando estamos diante de escolhas aparentemente racionais. Essa é uma das grandes descobertas da ciência nas últimas décadas: o instinto influencia nossas escolhas constantemente, mesmo quando a gente não quer.

Para nos proteger, a amídala e a ínsula enviam impulsos fortes que chamamos de sentimentos, às vezes até de presentimentos, porque é como se ajudassem a farejar o perigo. Esses impulsos então são interpretados pelo córtex pré-frontal, parte racional do cérebro. Percebemos que estamos com medo ou com fome, por exemplo.
Você carrega milhares de anos de evolução na arte de buscar o perceiro ideal, mesmo sem saber disso racionalmente. Se uma boa combinação aparecer, o instinto vai lançar estímulos para a parte racional do cérebro. E você se sentirá atraído por alguém. Sem o instinto, não conseguiríamos escolher as coisas mais básicas da vida. Mas, é importante lembrar que o instinto ajuda principalmente nas decisões imediatas. Quando você se sente atraído por alguém, não quer dizer que vá se casar com ela. Isso depende de outras engrenagens do cérebro.

EXPERIÊNCIA - Núcleo Accumbens


Viver é aprender. Todas as experiências que acumulamos na vida são registradas e catalogadas por uma região do cérebro, o sistema de recompensa.  O núcleo accumbens, no centro de recompensas, registra sensações ligadas à memória. E avisa quando vê uma situação que deu certo no passado. Essa área se lembra de tudo que nos deu prazer em algum momento da vida. E do que nos deu frustração. Esses dados ficam guardados porque podem ser extremamente úteis em certos momentos.

Quando não podemos agir racionalmente, seremos guiados pela experiência. Em situações parecidas vividas por nós, o sistem de recompensa anota o nível de prazer e de frustração de cada situação. Nas que fomos bem-sucedidas, neurônios liberam dopamina, uma substância ligada ao prazer, e associamos essa situação com alegria. Então, diante de um quadro parecido, os neurônios já sabem o que fazer: disparar dopamina antes da decisão. É um aviso para o resto do cérebro que indica o caminho a ser seguido.

Não é que a gente lembre do que já fez no passado e decida racionalmente repetir nossos atos. Os neurônios que controlam as doses de dopamina acessam a nossa memória constantemente para orientar o cérebro sobre as alternativas. Você nem chega a lembrar de nada: tudo acontece rápido demais, só dá pra sentir um bem-estar quando percebe que uma opção é melhor que a outra.

Jogo, cigarro, álcool e drogas também deixam um rastro no centro de recompensas. O prazer que tivemos alguma vez com vícios fica registrado e nos estimula a repeti-lo em outras ocasiões.

A DECISÃO CERTA
Tomar uma decisão envolve uma disputa entre os 3 participantes – dois deles (instinto e experiência) cuidam do seu  presente, o outro (a razão) pensa no futuro.
Antes de decidir talvez você resolva usar a razão, ou não. Tanto faz: em qualquer decisão, o importante é pensar se aquele problema merece uma consideração mais racional ou emotiva. E só aí começar a julgar as informações e argumentos. Assim, o cérebro começa a movimentar as engrenagens sabendo qual delas interessa mais. Evita erros.

Sim, porque até ser racional pode trazer arrependimentos. A razão compara tudo para encontrar a solução mais lógica, certo? Nessa hora o instinto pode ajudar  mais. E por que não confiar na experiência, que poderia disparar dopamina?

As emoções, se usadas na hora errada, também podem fazer vocêtomar a pior decisão. Você pode cometer um desatino. Acaba tomando uma decisão que você, normalmente, não tomaria. A ciência já provou que isso acontece. Até a mais brilhante e racional das pessoas, no calor da paixão, parece completamente divorciada da pessoa que ela pensou que fosse. A solução é usar a razão antes desse ataque das emoções.

Saber qual ferramenta você prefere usar para cada dilema ajuda o cérebro a se focar nas consequências esperadas com a decisão. Assim, a chance de arrependimento pode diminuir. De qualquer forma, nem sempre uma decisão é 100% racional ou 100% emocional, e sim uma combinação de razão, instinto e experiência. Ainda que a voz de uma delas fale mais alto, todas vão contribuir para suas decisões. O importante é entender que podemos usar melhor de todas essas alternativas. A boa notícia é que o sistema de recompensas vai anotar tudo se você se arrepender de alguma escolha. E lançar alerta da próxima vez que você tentar cometer uma burrada.

(Revista Superinteressante – edição 295 – SET-2011 – págs. 58 à 67)


FUNDAMENTOS DO YOGA
O yoga é um processo no qual se estabelece o entendimento apropriado entre as cinco camadas(kosas) que constituem o praticante. 
O yoga estabelece as ligações adequadas entre o corpo e os nervos, nervos e mente, mente e inteligência, inteligência e desejo, desejo e percepção, percepção e consciência, consciência e o ser e, finalmente, o ser e a Alma Universal.

O yoga dá grande ênfase ao sádhana – prática. Desta maneira, o yoga possibilita o atingimento do puro estado de consciência para a percepção do Ser.

O yoga não é somente uma arte e ciência, mas também uma filosofia. Ele orienta a arte de viver e melhora a qualidade de vida e a dignidade da vida do praticante. Como ciência, lida com a saúde, força e conquista do corpo, assim como da mente. É uma filosofia que capacita o ser a atingir o equilíbrio e enfrentar todas as vicissitudes da vida, tristezas e alegrias com tranquilidade.

O yoga é uma disciplina prática. É uma disciplina mais direta e experimental do que disrcursiva. Sua prática leva uma mente desconexa e dispersa a um estado de conexão e reflexão.

(extraído do livro Basic Guidelines for Teachers of Yoga,  BKS Iyengar e Geeta S Iyengar, parte II cap.VI)


 
Shakti em parivrtta trikonasana 
foto de Carol Chediak para o Espaço Nirvana


 Lembrete: professores de yoga não são Gurus Iluminados, são praticantes que dividem conhecimento para que todos possam iniciar sua jornada de consciência.

Namaskar!